Categoria: Notícias Data: 18/05/2021

CASO AGNALDO MARQUES - Exemplo de Dignidade

Certamente se você é da cidade de Londrina e frequentou lugares como o Terminal Central e o Centro Cívico por certo você já deve ter se deparado com Aguinaldo Marques. O jovem que possuía deficiência mental era figura caricata da cidade, por onde passava despertava olhares. Porém, poucos sabem o final trágico que ceifou a sua vida.

O ano era 2014. Por uma determinação judicial o jovem compulsoriamente permaneceu 12 meses internado em um Complexo Médico Penal. A falta do convívio com a família e amigos somada com a ausência de zelo do Poder Público fizeram com que Aguinaldo adoecesse. A imagem de um jovem vívido contrastou com o rosto pálido de um novo cadeirante. Sem conseguir proferir uma palavra, o seu olhar revelava a crueldade do internamento. Aguinaldo faleceu um tempo depois. Ao ajuizar ação pelo ocorrido, o Estado foi condenado. Ocorre que para a familia receber a indenização começaram a surgir obstáculos. O primeiro foi conseguir falar com a Sra. Lourdes [mãe do jovem] que não possuía telefone. O encontro físico foi por diversas vezes adiado em decorrência do COVID-19. Melhorando a situação, foi possível chegar no endereço. Lá havia um casebre que se confundia com a própria rua, por inexistir muros e quiçá portas. Ao receber a notícia sobre o dinheiro, Lourdes, com a voz embargada, disse que não possuía conta bancária. Assim, a idosa foi levada para o banco e, ao esperar por horas, foi informada que necessitaria de um comprovante de endereço, o que forçou a idosa a ir até a casa de seu filho, que mesmo desconfiado, entregou um documento hábil. Correndo contra o tempo, ao retornar ao banco poucos minutos antes de fechar, outro obstáculo foi imposto, qual seja: Lourdes era analfabeta, logo, necessitaria de testemunhas. Sanadas todas as dificuldades, Lourdes recebeu o valor da indenização. Surpreendentemente, a intenção da mãe não era reformar o casebre, comprar roupas ou alimentos, mas, sim, comprar uma sepultura para o filho que se encontrava em um túmulo público, esquecido.

Apesar de todos os desafios, o fatídico dia 12 de março de 2021 ficará para a história do Escritório MB, pois proporcionar àquela mãe um enterro digno ao seu filho foi uma grande vitória. Este é o nosso legado!

 

 

NÁDILLA MARQUES DA SILVA